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Foto do escritorGetulio Tamid

Consumir ou sumir. Eis a questão!


Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo polonês reconhecido por suas contribuições no estudo da modernidade líquida e da sociedade contemporânea.


Nascido em uma família judia em Poznań, Bauman lutou na Segunda Guerra Mundial e posteriormente graduou-se em sociologia pela Universidade de Varsóvia. Sua obra se destacou por abordar questões como globalização, consumismo, individualização e liquidez das relações humanas, propondo uma análise crítica das transformações sociais e culturais na era pós-moderna.


Bauman lecionou em diversas universidades ao redor do mundo, incluindo a Grã-Bretanha, onde se estabeleceu após deixar a Polônia durante o período comunista. Sua escrita influente e provocativa continua a ser referência fundamental para estudiosos e pensadores interessados nas complexidades do mundo contemporâneo.


Em uma de suas cartas de seu livro 44 cartas do mundo líquido moderno, ele explora o fenômeno do consumismo como uma estratégia social e econômica que vai além da mera necessidade de consumo para sobrevivência. Define o consumismo como a centralização da preocupação com o consumo, transformando os indivíduos em consumidores e relegando outros aspectos da vida a um plano inferior.


Destaca-se o papel do consumismo na resposta a eventos dramáticos, como o atentado às Torres Gêmeas nos Estados Unidos, onde a mensagem oficial era incentivar os americanos a "voltarem às compras" para restaurar a normalidade. O consumo é visto como a solução para várias aflições, sejam elas econômicas ou emocionais.


A carta de número 17, argumenta que o consumismo não é uma consequência inevitável da evolução biológica, mas sim um produto social multifacetado, utilizado para diversos propósitos. Ele não apenas satisfaz necessidades básicas, mas também serve como um meio de controle social e político.


Além disso, destaca-se a transformação das ideias de cidadania e patriotismo para se alinharem ao consumo ativo. Os consumidores são encarregados de salvar a economia em momentos de crise, assumindo a responsabilidade de gastar e manter o ciclo econômico em movimento.


O texto também aborda a relação entre consumismo e incerteza, argumentando que o ato de consumir se tornou uma forma de mitigar a ansiedade relacionada à velocidade das mudanças modernas. Os produtos e serviços oferecidos são apresentados como soluções para a incerteza e para manter uma sensação de pertencimento social.


O consumismo não apenas atende às necessidades materiais, mas também serve como um mecanismo para enfrentar desafios sociais e emocionais. Ele se torna uma forma de segurança e orientação em um mundo de rápida evolução, oferecendo respostas instantâneas para dúvidas e inseguranças.


Em conclusão, é crucial reconhecer como os manipuladores habilmente exploram nossas vulnerabilidades e necessidades emocionais para nos impulsionar ao consumo excessivo. Ao estabelecer padrões sociais e expectativas implícitas, eles nos convencem de que certos bens ou comportamentos são essenciais para nossa aceitação e sucesso. Isso nos coloca em uma posição de desvantagem, pois acabamos comprometendo recursos financeiros e energias em busca de uma validação que, na verdade, é artificialmente construída.


Para evitar essa armadilha, é fundamental cultivar uma consciência crítica sobre as mensagens e pressões que recebemos, questionando constantemente se nossas escolhas são genuinamente autênticas ou meramente ditadas por influências externas.


Ao fortalecer nossa autonomia e capacidade de discernimento, podemos resistir às manipulações e buscar um equilíbrio saudável entre nossas necessidades reais e as demandas ilusórias impostas pelo consumismo desenfreado.



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