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O Sentimento de não pertencimento e a raiva de si mesmo

Foto do escritor: Getulio TamidGetulio Tamid

Você já se sentiu deslocado em sua própria família ou em grupos sociais? Como se falassem um idioma diferente do seu? Esse sentimento de não pertencimento é muito comum em pessoas que cresceram em ambientes narcisistas. A sensação de ser "o chato", aquele que percebe injustiças e não consegue simplesmente ignorá-las, pode gerar grande sofrimento emocional. Mas de onde vem essa sensação? E como ela impacta nossa vida adulta?


A infância em ambientes manipuladores


Muitos que se sentem deslocados hoje cresceram em lares onde havia manipulação, gaslighting e falta de justiça. Em algumas famílias, padrões destrutivos se repetem: o pai que não economiza, que aposta em ganhos rápidos e se endivida constantemente, enquanto os filhos aprendem a viver no caos.

Esse ambiente cria uma percepção distorcida de normalidade, onde seguir o combinado ou agir com justiça parece ser uma luta constante contra forças invisíveis. Assim, a criança aprende a desconfiar do que é simples e justo. Quando adulta, ao se deparar com pessoas que cumprem prazos, que respeitam acordos e que agem de maneira correta sem segundas intenções, ela estranha. Parece "bom demais para ser verdade".


O Narcisista e o codependente: Reações opostas


Enquanto o codependente se encanta com a simplicidade da honestidade, o narcisista despreza isso. Para ele, regras são inconvenientes, limites são desafios a serem quebrados. Quando uma pessoa exige transparência e cumprimento de acordos, o narcisista pode reagir com desdém, classificando-a como "chata" ou "cheia de regras".

Isso explica por que muitas pessoas vítimas de abuso emocional acabam presas em ciclos destrutivos. Elas tentam dialogar, explicam repetidamente seus sentimentos, mas suas palavras caem no vazio. O narcisista não absorve o que lhe é dito, e a vítima se vê presa em um looping de justificativas e frustrações.


A raiva de si mesmo e o ciclo de abuso


Outro ponto crucial é que muitas vítimas de abuso desenvolvem comportamentos semelhantes aos do abusador. Isso ocorre de maneira inconsciente, como um mecanismo de defesa. Algumas pessoas acabam reproduzindo a manipulação e o abuso em suas relações futuras, buscando se igualar ao abusador para, paradoxalmente, aliviar sua dor interna.

Esse processo pode alimentar uma intensa raiva de si mesmo. Em vez de direcionar essa raiva para quem realmente causou o dano, a pessoa se culpa, sente-se inadequada e indigna de amor. Esse sentimento pode levar a padrões de autossabotagem e relacionamentos tóxicos repetitivos.


Como quebrar esse ciclo


Se você se identifica com essa dinâmica, saiba que é possível sair desse ciclo. Alguns passos importantes incluem:


  • Reconhecer o padrão: Entender que sua dificuldade em confiar na justiça e na transparência tem raízes no seu passado.

  • Trabalhar a autoestima: Narcisistas fazem você acreditar que há algo errado com você, mas a verdade é que você sempre esteve pronto para um relacionamento saudável – apenas escolheu a pessoa errada.

  • Buscar ajuda profissional: A terapia pode ajudar a desconstruir crenças limitantes e desenvolver uma nova forma de se relacionar.

  • Criar novos referenciais: Convivendo com pessoas saudáveis, você perceberá que o mundo pode ser mais justo e previsível do que imaginava.


Se você sente que vive nesse ciclo, lembre-se: você não está sozinho. O primeiro passo para a cura é a conscientização. A mudança começa quando você decide se libertar das amarras emocionais do passado.


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